Espaço de emoções sentidas? Memórias?Estados de alma?Desabafos?Palavras ditas e outras que ficaram por dizer?

Tributo a poetas? Pequenas homenagens?

Talvez tudo isso ou, apenas, exorcismo e catarse da alma?


Seja como for, "esta espécie de blog" não pretende ser nada, a não ser o reflexo do que SOU e SINTO!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

sábado, 14 de maio de 2011

Vida sem cor




  ... onde estão as cores com que pintaste os meus dias ?




  

I can't refuse the call !

Cruel, ....



... a Primavera que chega, tornando ainda mais intenso o vazio da tua ausência, e insuportável a memória da tua voz, repleta de palavras sábias, desenhando a vida, o prazer, a esperança... sobre a minha alma sem rumo...


Como me fazem falta as mãos da tua voz!

É dura...

                   ... a dor de apenas poder sonhar-te!


So hard to remember...

"Devolve-me aquele momento em que os teus olhos me vestiram de mel.

- Essa doce ternura -[A mais doce que o favo apertado da minha pele já provou.]
Devolve-me o toque que selou o teu rosto à eternidade dos meus dedos.
Devolve-me a tua voz a desenhar-nos segredos.
Devolve-me a textura do susto e dos medos com que me despiste.
[Para que possa aprender-te, ainda.]

Devolve-me a promessa de me seres cais para sempre...

Pois de que me serve repetir-me para o mundo todos os dias
Se não posso repetir-me contigo nunca mais?"

I'll never find someone like you! (I'm sure!)

Of course you don't !

domingo, 1 de maio de 2011

Quando eu morrer...

Quando eu morrer, deixa-me
a ver o mar do alto de um rochedo e não chores, nem
toques com os teus lábios a minha boca fria. E promete-me
que rasgas os meus versos em pedaços tão pequenos
como pequenos foram sempre os meus ódios; e que depois
os lanças na solidão de um arquipélago e partes sem olhar
para trás nenhuma vez: se alguém os vir de longe brilhando
na poeira, cuidará que são flores que o vento despiu, estrelas
que se escaparam das trevas, pingos de luz, lágrimas de sol,
ou penas de um anjo que perdeu as asas por amor.


Maria do Rosário Pedreira

Relendo coisas...

O casamento
O ataque ao casamento homossexual indicia uma fixação no sexo e no poder

«A converseta moralucha em torno do casamento dos homossexuais recorda-me aquele fulgurante poema de Sophia de Mello Breyner que começa assim: “As pessoas sensíveis não são capazes/ de matar galinhas/ porém são capazes/ de comer galinhas”. Não se pode chamar debate ou discussão ao que é apenas um tricô de preconceitos, uma espiolhagem salivante sobre a vida íntima dos outros. Os homossexuais têm o mesmíssimo direito ao casamento que todas as outras pessoas, porque o contrato de casamento não se estabelece a partir do tipo de práticas sexuais dos que o contraem. A “ideia” de que o casamento tem por objectivo a procriação, como afirma a dra. Manuela Ferreira Leite, não é confirmada pela lei de nenhum país democrático, talvez porque nem sequer se lhe pode chamar “ideia”: não passa de um fogacho de autoritarismo deslocado. O casamento não é fácil – e toda a gente sabe que não é a procriação o que o sustenta. Demasiadas vezes, pelo contrário, a mimosa prole estoira com essa relação de carne e alma entre dois adultos. Há gente para tudo, mas, em geral, o sexo não suporta a transfiguração dos amantes em papá e mamã.
O casamento é uma decisão extraordinariamente séria. Os heterossexuais tendem a esquecê-lo, porque podem casar e descasar sempre que lhes apetecer. Desde que procriem, segundo os fanáticos da procriação, não há problema. Mas basta olharmos à nossa volta para verificarmos que é exactamente esse o problema: o frenesim da procriação atenta contra os direitos dos procriados, aqueles a que na adolescência passamos a tratar por malcriados. As novas gerações crescem num hipermercado de mães e pais que mudam de mês a mês como as promoções especiais. O mais elementar bom senso confirmará que uma criança adoptada por um casal homossexual estável terá muito mais hipóteses de desenvolver as suas capacidades do que uma outra – e são tantas, basta abrir as revistas cor-de-rosa para o confirmar – que viva de “tio” em “tio”, de madrasta em madrasta, até à perda de referências final.
O bom senso só não nos pode meter isto pelos olhos dentro porque, em Portugal, o cenário de um casal homossexual com filhos é inexistente. Por causa da moral de esquina, hipócrita, opressora, da maioria amorfa. O lado esquerdo dessa maioria diz coisas como. “Eu não tenho nada contra a adopção por homossexuais, mas o problema é que a criança vai ser discriminada na escola”. Estes são os mesmos que há trinta anos diziam: “Eu não sou racista, mas não gostava que o meu filho casasse com uma negra porque as crianças seriam discriminadas na escola”. Agora abanam a cabeça, enervados, e dizem: “Não, não é a mesma coisa: porque a criança necessita de um modelo masculino e de um modelo feminino”. Que modelos são esses, nesta fase de mutação acelerada em que as mulheres ganham autoridade e os homens doçura? Que modelos eram esses – o pai que bebia e batia, a mãe que apanhava e chorava? O pai que mandava, a mãe que obedecia? O centro dessa maioria diz: “Não sou contra os casais homossexuais, arranjem-lhes leis que os protejam, mas não lhes chamem casamento”. Estes estão imbuídos de uma noção de superioridade: chamem-lhes outra coisa, para não atingirem essa coisa sublime a que só nós, os que fazemos o sexo do qual podem nascer bebés, temos direito. A direita dessa maioria diz simplesmente: “Vivam á a vida deles, mas discretamente”. Ou seja, às escondidas, como os senhores faziam filhos às criadas.
O mundo já caminhou o suficiente (no Ocidente, claro), para entender que as crianças precisam de adultos que as amem. Um homem e uma mulher. Ou só um homem. Ou só uma mulher – os filhos dos viúvos, como se criam sem o tal modelo outro? Ou dois homens. Ou duas mulheres. As crianças precisam de modelos de amor. O amor, qualquer amor, ilumina. Os que se amam devem ter o direito à partilha e à herança um do outro. Devem ter o direito a acompanhar-se na saúde e na doença, em casa e no hospital, até ao último suspiro. As pessoas que pretendem negar a outras pessoas o direito ao casamento, fundamentando essa recusa no tipo de práticas sexuais dos outros, estão certamente a precisar de tratamento psiquiátrico. Porque só pensam em sexo e em poder, e há outras coisas na vida, muito mais importantes. A começar pelo amor.»

Inês Pedrosa
Revista Única- Expresso #1936 de 5/12/09 p.112