Espaço de emoções sentidas? Memórias?Estados de alma?Desabafos?Palavras ditas e outras que ficaram por dizer?

Tributo a poetas? Pequenas homenagens?

Talvez tudo isso ou, apenas, exorcismo e catarse da alma?


Seja como for, "esta espécie de blog" não pretende ser nada, a não ser o reflexo do que SOU e SINTO!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Olhares que falam...

... onde estará a justiça?

Tanta coisa calada...


De pés e mãos...


O que me resta...

... o lugar da memória, onde te procuro, onde deixas que te encontre e onde encarno, por breves momentos, o papel da Felicidade...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Porque hoje...

... estou assim...

Impotência

... um vazio enorme, uma tristeza sem fim...NÃO QUERO VIVER !

Até quando?

Até quando se aguenta um desespero?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ódio?


Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...

Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!

Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo d’outra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não... não vale a pena...



Florbela Espanca, Livro de Soror Saudade (1923)

Eu



Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, não o dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca! -
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!



Florbela Espanca, Charneca em Flor (1930)

Depois da vida

Quando meu coração parar desfeito,
Em sombra na profunda sepultura;
E o meu corpo espectral e já perfeito,
Divagar entre o Olimpo e a terra dura;

Quando sentir, enfim, todo o meu peito
A converter-se em luminosa altura;
Eu, aquele fantasma, o claro eleito,
O enviado da vida à morte escura;

Ah, quando, em mim, eu for minha esperança!
Meu próprio ser, divino e redimido;
E minha sombra apenas for lembrança,

Bem longe, em outro mundo transcendente,
À luz dum sol jamais anoitecido,
Serei contigo, amor, eternamente.


Teixeira de Pascoaes

Espera



Dei-te a solidão do dia inteiro.
Na praia deserta, brincando com a areia,
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia
A gritar o seu eterno insulto,
Longamente esperei que o teu vulto
Rompesse o nevoeiro.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Eros


Nunca o Verão se demorara
assim nos lábios e na água
- como podíamos morrer,
tão próximos
e nus e inocentes?

Eugénio de Andrade, Mar de Setembro

Não te amo


Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma tenho a calma,
A calma do jazigo.
Ai! Não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! Não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Almeida Garrett

Pele


Quem foi que à tua pele conferiu esse papel
de mais que tua pele ser pele da minha pele

David Mourão-Ferreira

A boca


A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.

Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?

Eugénio de Andrade

Sem ti


E de súbito desaba o silêncio.
É um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem luas.

Só nas minhas mãos
oiço a música das tuas.


Eugénio de Andrade, Coração do dia

E por vezes


E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.


David Mourão-Ferreira

A tua morte em mim




A tua morte é sempre nova em mim.
Não amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos dum livro, de repente
tu morreste.
Acordo, e tu morreste.
Sempre, cada dia, cada instante,
a tua morte é nova em mim,
sempre impossível.

E assim, até à noite final
irás morrendo a cada instante
da vida que ficou fingindo vida.
Redescubro a tua morte como outros
redescobrem o amor,
porque em cada lugar, cada momento,
tu estás viva.

Viverei até à hora derradeira a tua morte.
Aos goles, lentos goles. Como se fosse
cada vez um veneno novo.
Não é tanto a saudade que dói, mas o remorso.
O remorso de todo o perdido em nossa vida,
coisas de antes e depois, coisas de nunca,
palavras mudas para sempre, um gesto
que sem remédio jamais teve destino,
o olhar que procura e nunca tem resposta.

O único presente verdadeiro é teres partido.


Adolfo Casais Monteiro

Pour toi...

... la porte est toujours ouverte...

(Alter ego)


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem sorte,
Sou a irmã do sonho, e desta sorte,
Sou a crucificada...a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Tu ainda és


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.


Pablo Neruda

Não te quero...


Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Pablo Neruda

Mulher


Mulher, teria sido teu filho, para beber-te
o leite dos seios como de um manancial,
para olhar-te e sentir-te a meu lado e ter-te
no riso de ouro e na voz de cristal.

Para sentir-te nas veias como Deus num rio
e adorar-te nos ossos tristes de pó e cal,
para que sem esforço teu ser pelo meu passasse
e saísse na estrofe - limpo de todo o mal -.

Como saberia amar-te, mulher, como saberia
amar-te, amar-te como nunca soube ninguém!
Morrer e todavia
amar-te mais.
E todavia
amar-te mais
e mais.

Pablo Neruda, in "Crepusculário"

Às vezes,...

... basta-me o teu olhar...

As minhas mãos...

... só conhecem uma rota: a que me leva até ao teu prazer...

Fecho os olhos,...


... escorres, deliciosamente, sobre mim e assim te tenho outra vez!

É contigo...

... que amanhecem todas as minhas horas...

Quero-te...

... de qualquer ângulo!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Tão distante...


... e sempre tão perto... o teu corpo, meu caminho sem regresso... meu horizonte sem fim...

Sem ti...

... não sinto o sentido da vida ...

Mi alma...

...que esta llena de ti...

A tua presença...

...que iluminava os meus dias...

Quem me dera...

... poder sentir o ar que respiras!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

you are...

... my body and my soul ...

De nada sirve...


"De nada sirve que yo te llore
de nada sirve que yo te implore
hasta cuándo y hasta dónde,
tengo que esperar que de mí te enamores?"

Quererte a ti...


"Quererte a ti es como querer
arrancarle un quejido al viento
un beso al vacío
y una sonrisa al silencio."

Never say...


Ainda que o amor me doa...

... esperarei!

Liberdade

... Apresenta-ma!

Ainda um sorriso...

... num lugar que é o sonho...

???

... Quando deixarei de sentir(te)?

Amar...

... foi o nome que te dei...

Subir à mais alta montanha...

... e gritar teu nome!

domingo, 2 de janeiro de 2011

I still...


... feel you here!

Something...


... something always brings me back to you...

sábado, 1 de janeiro de 2011

Hoje e sempre, porque te amo!


Hoje, dia 1 de Janeiro de 2011, dediquei-te (literalmente) todo o meu dia.
Dentro de mim, serão sempre iguais todos os dias, deste e de todos os anos que vierem e me encontrarem lúcida... M.,meu amor!

Poema ao mais recente amor



Estar entre teus pelos e dedos,
entre tua densidade,
neste transpirar sob medida
aos teus gemidos.
Estar entre teus trópicos,
entre o teu desejo e o meu prazer;
beber parte de teus líquens e teus rios
percorrendo-te da foz até a origem,
e pura a cada amor partir mais virgem.

Leila Míccolis

A voz



Da tua voz
o corpo
o tempo já vencido


os dedos que me
vogam
nos cabelos


e os lábios que me
roçam pela boca
nesta mansa tontura
em nunca tê-los...


Meu amor
que quartos na memória
não ocupamos nós
se não partimos...


Mas porque assim te invento
e já te troco as horas
vou passando dos teus braços
que não sei
para o vácuo em que me deixas
se demoras
nesta mansa certeza que não vens.

Maria Teresa Horta

Gozo VII



São as tuas nádegas
na curva dos meus dedos


as tuas pernas
atentas e curvadas


O cravo - o crivo
sabor da madrugada
no manso odor do mar das tuas
espáduas


E se soergo com as mãos
as tuas coxas
e acerto o corpo no calor
das vagas


logo me vergas


e és tu então
que tens os dedos
agora
em minha nádegas


Maria Teresa Horta

Gozo IV


São de bronze
os palácios do teu sangue


de cristal absorto
encimesmado


São de esperma
os rubis que tens no corpo
a crescerem-te no ventre
ao acaso


São de vento - são de vidro
são de vinho
os liquidos silencios dos teus olhos


as rutilas esmeraldas que
sózinhas
ferem de verde aquilo que tu escolhes


São cintilantes grutas
que germinam
na obscura teia dos teus lábios


o hálito das mãos
a lingua - as veias


São de cupulas crisálidas
são de areia


São de brandas catedrais
que desnorteiam


(São de cupulas crisálidas
são de areia)


na minha vulva
o gosto dos teus espasmos

Maria Teresa Horta