Espaço de emoções sentidas? Memórias?Estados de alma?Desabafos?Palavras ditas e outras que ficaram por dizer?

Tributo a poetas? Pequenas homenagens?

Talvez tudo isso ou, apenas, exorcismo e catarse da alma?


Seja como for, "esta espécie de blog" não pretende ser nada, a não ser o reflexo do que SOU e SINTO!

sábado, 29 de dezembro de 2012

Hoje, deu-me para isto!...


MENSAGEM DE RETRIBUIÇÃO AO PEDRO E À LAURA
              por Nuno Barradas a Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2012 às 16:08 ·
Caro Pedro,
Antes de mais os meus sinceros agradecimentos pela amabilidade que tiveste em prescindir dos poucos momentos em que não tens que carregar o país às costas, para pensar um pouco em nós e nos nossos natais.
Retrataste com a clarividência de poucos a forma penosa como atravessamos esta quadra que deveria ser de alegria, amor e união. És de facto um ser iluminado e somos sem dúvida privilegiados em ter ao leme da nossa nau um ser humano de tão refinada cepa.
Gostava também de ser interlocutor de alguém que queria aproveitar o espírito de boa vontade que a quadra proporciona para te pedir sinceras desculpas…a minha mãe.
A minha mãe é uma senhora de 70 anos, que usufruindo de uma escandalosa pensão de mil e poucos euros, se sente responsável pelo miserável natal de todos os seus concidadãos. Ela não consegue compreender onde falhou, mas está convicta de que o fez…doutra forma não terias afirmado o que afirmaste. Tentarei resumir o seu percurso de vida para que nos ajudes a identificar a mácula.
A minha mãe nasceu em Alcácer do Sal começou a trabalhar com 12 ou 13 anos…já não se recorda muito bem. Apanhava ganchos de cabelo num salão de cabeleireiro, e simultaneamente aprendia umas coisas deste ofício. Casou jovem e mudou-se para a cidade em busca de melhor vida. Sem opções de emprego a minha mãe nunca se acomodou e fazia alguns trabalhos de cabeleireira ao domicilio…nunca se queixou…foi mãe jovem e sempre achou que por esse facto era a mulher mais afortunada do mundo. Arranjou depois emprego num refeitório de uma grande fábrica. Nunca teve qualquer tipo de formação mas a cozinha era a sua grande paixão.
Depois de alguns anos no refeitório aventurou-se no seu grande sonho…ter um negócio próprio de restauração. Quis o destino que o sonho se concretizasse no ano de 1974…lembras-te 1974? O ano em que te tornaste livre? Tinhas o quê? 10 anos?
Pois é…o sonho da minha mãe tem a idade da democracia.
O sonho nasceu pequeno, com pouco mais de 3 ou 4 colaboradoras. Com muita dificuldade, muito trabalho e muitas noites sem dormir foi crescendo e chegou a dar trabalho a mais de 20 pessoas. A minha mãe tem a 4ª classe.
Tu já criaste empregos Pedro?  Quer dizer…criar mesmo…investir e arriscar o que é  teu…telefonemas para o Relvas a pedir qualquer coisa para uma amiga da Laura não conta como criar emprego. A minha mãe criou…por isso ela não compreende muito bem onde errou. Tudo junto tem mais de 40 anos de descontos para a segurança social. Sempre descontou aquilo que a lei lhe exigia. A lei que tu e outros como tu…gente de tão abnegada dedicação, se entretém a escrever, reescrever, anular, modificar…enfim…trabalhos de outra grandeza que ela não compreende mas valoriza.
Pois como te digo, a minha mãe viu passar o verão quente, os tempos do desenvolvimento sem paralelo, o fechar de todas as fábricas da região, os tempos do oásis, as várias intervenções do FMI, as Expos, os Euros, do futebol e da finança…e passou por isto tudo sempre a trabalhar como se não houvesse amanhã. A pagar impostos todos os meses e todos os anos. IVA, IRC, IRS, IMI, pagamentos por conta, pagamentos especiais por conta, por ter um toldo, por ter a viatura decorada, por ter cão, de selo, de circulação, de radiodifusão…não falhando um único desconto para a sua reforma, não falhando um único imposto. E viu chegar as condicionantes da idade avançada sem lançar um queixume. E foi resolvendo todos os seus problemas de saúde que inexoravelmente foram surgindo, recorrendo a um seguro privado, tentando deixar para aqueles que realmente necessitam, o apoio da segurança social. Em mais de 40 anos de contribuição não teve um dia de baixa, não usufruiu de um cêntimo em subsídios de desemprego. E ela dá voltas e voltas à cabeça e não há forma de se recordar onde possa ter falhado. Mas certamente falhou…
Por isso Pedro, quando eu lhe li a tua carinhosa mensagem, que certamente escreveste na companhia da Laura e com um cobertor a cobrir as vossas pernas para poupar no aquecimento, ela comoveu-se, e cheia de remorsos pediu-me que por esta via te endereçasse um sentido pedido de desculpas.
Pediu também para te dizer que se sente muito orgulhosa de com a redução da sua pensão poder contribuir para que a tua missão na terra seja coroada de sucesso.
És de facto único Pedro. A forma carinhosa como te referes aos sacrifícios que os outros estão fazer, faz-me acreditar que quase os sentes como teus. Sei que sofres por nós Pedro. Sei que  cada emprego que se perde é uma chaga que se abre no teu corpo…é um sofrimento atroz que te é imposto…e tudo por culpa de quem? De gente como a minha pobre mãe que mesmo sem querer tem levado toda uma vida a delapidar o património que é de todos. Por isso se a conseguires ajudar a perceber onde errou ficar-te-ei eternamente agradecido. A minha mãe ainda é daquele tipo de pessoas que não suporta a ideia de estar a dever algo a alguém...ajuda-nos pois Pedro.
Aceita por favor, mais uma vez, em nome da minha mãe, sentidas desculpas. Ela diz que apesar de reformada e com menos saúde vai continuar a trabalhar para poder expiar o tanto mal que causou.
Continua Pedro..estás certamente no bom caminho, embora alguns milhões de ingratos não o consigam perceber.
Não te detenhas…os génios raramente são reconhecidos em vida.
Um grande abraço para ti.
Um grande beijo para a Laura.



Coisas que me indignam!


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Gozo!


Conduzes na saliva
um candelabro aceso

um chicote de gozo
nas palavras

E a seda do meu corpo
já te cede
neste odor de borco em que me abres

Sedenta e sequiosa
vou sabendo
a demorar o tempo que se espraia
ao longo dos flancos que vou tendo:

as tuas pernas
vezes teu ventre

A tua língua
vezes os teus dentes

na pressa veloz com que me rasgas


Maria Tereza Horta

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Desejo



há nestas noites perdidas

a dor gelada do teu corpo ausente

do abraço das tuas pernas fendidas

desabrochando num sorriso quente.

 

é a saudade dolorida

das tuas mãos cruéis

que me rasgam a pele ferida,

desenhando no meu corpo

o mapa do teu desejo,

a mordedura da tua boca salgada

percorrendo-me insaciada

na tortura de um longo beijo.

 

sempre nestas noites perdidas,

a dor gelada do teu corpo ausente,

da prisão das tuas pernas rendidas

desabrochando num gemido quente.

 

e quando o sol começa a despontar

e eu consigo adormecer,

juro-te, minha querida,

que nunca mais quero acordar.

 

 

ANTÓNIO MAGA

 




quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cheiros...

                                                         ...devolvem-me o teu cheiro!

Prazer e dor

                                          A expressão de sentir-te...e o mar entre nós!

Corpo e Mente...

                                                ...os lugares onde permanecerás sempre!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

On s'est aimé à cause...


Vem!



Tu vens todos os dias à noitinha
e despes-te com tanta lentidão

com tanta lentidão que se adivinha
a forma do teu próprio coração

E quando vais é já noite fechada
não sei se vou ficar se vou sair
não posso ter a alma sossegada
sem saber se amanhã tornas a vir

D.M.F.

A minha cela...


Estou dentro de paredes brancas.
Quatro paredes: a minha cela,
O frio, a solidão e o meu catre.
A luz entra sempre de noite.

Não tinha nada donde vim. Aqui não encontrei
O que tive e a cadeira não serve o meu repouso.
Ainda não há lugar no mundo onde possa sossegar de tu não seres
O vazio que persiste à minha beira.

Tenho um pequeno sonho de uma janela para abrir:
E que paisagem não seria estar feliz!

Daniel Faria

...


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Naufrágio



Acordo sentindo a tua mão na minha pele,
A tua língua na minha boca... e o meu corpo procura o teu...
Mas há um mar imenso entre nós,
E ondas gigantes não deixam que toque teu coração....

Nado no mar da minha ilusão, .
E procuro um mastro perdido a que me agarrar...
Mas só encontro velas desfeitas...

Preciso ancorar numa praia deserta,
Onde os relógios não tenham ponteiros,
Onde a chuva caia apenas para acariciar minh' alma,
E o vento exista apenas para trazer o sussurro da tua voz,
dizendo que o teu corpo também anseia o meu,
que o teu sexo é  o  mastro que procuro,
... e que queres sentir comigo o orgasmo branco do mar
 no toque dourado da praia!

by no_dreams

A máscara

... cadê a tua?

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Noite terrivel


Na noite terrível, substância natural de todas as noites,
Na noite de insónia, substância natural de todas as minhas noites,
Relembro, velando em modorra incómoda,
Relembro o que fiz e o que podia ter feito na vida.
Relembro, e uma angústia
Espalha-se por mim como um frio do corpo ou um medo.
O irreparável do meu passado – esse é que é o cadáver!
Todos os outros cadáveres pode ser que sejam ilusão.
Todos os mortos pode ser que sejam vivos noutra parte.
Todos os meus próprios momentos passados pode ser que existam algures,
Na ilusão do espaço e do tempo,
Na falsidade do decorrer.

Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido –
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso – e foi afinal o melhor de mim – é que nem os Deuses fazem viver...

Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro –
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.

Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido,
Não virei nem pensei em virar, e só agora o percebo;
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse;
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas,
Claras, inevitáveis, naturais,
A conversa fechada concludentemente,
A matéria toda resolvida...
Mas só agora o que nunca foi, nem será para trás, me dói.
O que falhei deveras não tem esperança nenhuma
Em sistema metafísico nenhum.
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei.
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.
Enterro-o no meu coração para sempre, para todo o tempo, para todos os universos,

Nesta noite em que não durmo, e o sossego me cerca
Como uma verdade de que não partilho,
E lá fora o luar, como a esperança que não tenho, é invisível pra mim.


Álvaro de Campos

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Touch...

                                                                 ... touch me now!
Foto: Ján Hronský

Hand....


                                                              - Give me yours!

Foto: Ján Hronský

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Freedom!

I love walking in the rain!

foto : Yuri Garnov

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

am-ARTE





   "Quero beijAR-TE  sempre como se fosse a primeira vez e amar o teu corpo como se fosse a última vez!"

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Solidão


«Todos os desertos são iguais, porque quando estamos acompanhados, podemos estar acompanhados de mil maneiras diferentes. Depende de quem está à nossa volta, ou daquilo que nos cerca. Mas a solidão é só uma, é sempre a mesma. Por isso, eu sou todos os desertos em toda a sua vastidão, pois a minha solidão é a solidão de todas as pessoas, de todos os seres vivos, de todas as pedras, de todas as perdas.»


 A morte não ouve o pianista, Afonso Cruz

Do outro lado...TU!


Only for you...


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Quem me dera...






                       Quem me dera que eu fosse o pó da estrada 
                       E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

                       Quem me dera que eu fosse os rios que correm 

                       E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

                       Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio 

                       E tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .

                       Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro 

                       E que ele me batesse e me estimasse...

                        Antes isso que ser o que atravessa a vida 

                        Olhando para trás de si e tendo pena ...


                            Alberto Caeiro(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Prisioneira




                             
             Para onde fugir? Tu enches o mundo. Não posso fugir de ti senão em ti.

Margueritte Yourcenar

Quando eu partir...


... numa pequena mala caberão os momentos felizes vividos...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

É sempre cedo de mais...(quando um poeta morre)!

                                                                      1943-2012


«Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.»



  Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde"

Amo...

... o teu cheiro nos meus dedos!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Neste outono...


Neste outono, as pedras agasalham-se no cobertor
do musgo; e o barro bebe a água; e o vento viaja rente
aos muros. Mas eu, sem ti, deito-me gelada sobre a cama
e digo palavras que queimam a boca por dentro ― amor,

saudade, o teu nome e os nomes das coisas que tocaste
(e sobre as quais deixo crescer o pó, para que os dias
não se decalquem sempre de outros dias). Fecho os olhos

depois sobre a almofada e vejo o rosto branco da casa
desenhar-se à medida da tua ausência: as janelas abrem-se
para a solidão dos becos e há um farrapo de luz sobre a porta
a que ninguém virá bater. pergunto-me onde anda a tua
sombra quando aqui não estás. E tenho medo. São estes

os solavancos de uma ida pequena ― bordar uma toalha
para logo a manchar de vinho, sentir a ferida na distância
do punhal, viver à espera de uma dor que há-de chegar.



Maria do Rosário Pedreira


À tua espera...

"... sei que um poema se escreveria entre nós dois..."



sexta-feira, 5 de outubro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

terça-feira, 4 de setembro de 2012

É isso aí, gente!


Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém.
Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro.
Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Flores também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.
Respeite a natureza. Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia.
Não faça sombra sobre ela. Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar.
O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.
É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire gay. Só tem mulher quem pode!

Luiz Fernando Veríssimo

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O amor sabe...

 
 
Entraste na casa do meu corpo,
desarrumaste as salas todas
e já não sei quem sou, onde estou.
O amor sabe. O amor é um pássaro cego
que nunca se perde no seu voo.
                                                 

                                                                    Casimiro de Brito

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Porque te amo!


 
Não me alimento de "quases".
Não me contento com a metade.
Não serei sua meio amiga e nem
te darei meu quase amor.
É TUDO ou NADA
Não existe meio termo.

Marilyn Monroe

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Ainda...

                                                            ... o teu odor na minha pele!

domingo, 12 de agosto de 2012

Saudade

" Não há amores estéreis. Todas as precauções nada fazem. Quando te deixo, tenho no fundo de mim a dor, como uma espécie de horrível criança. "

In Fogos, Margueritte Yourcenar

sábado, 11 de agosto de 2012


Olhar-te...tão-só olhar-te, e o mundo parado à nossa volta!


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Felicidade




Depois do abraço, ver um pôr do sol contigo...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Irracional...

... porque ainda te espero!

sábado, 9 de junho de 2012

domingo, 3 de junho de 2012

sábado, 19 de maio de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A minha boca no teu peito...

 
 
Nunca adormece a boca
no teu peito

A minha boca sem pressa
descendo-te até ao ventre
... a beber devagar o que é desfeito

Maria Teresa Horta

I just want...

sábado, 12 de maio de 2012

Com as mãos...


Com as mãos
construo
a saudade do teu corpo,
onde havia
uma porta,
um jardim suspenso,
um rio,
um cavalo espantado à desfilada.
Com as mãos
descrevo o limiar,
os aromas subtis,
os largos estuários,
as crinas ardentes
fustigando-me o rosto,
a vertigem do apelo nocturno,
o susto.
Com as mãos procuro
(ainda) colher o tempo
de cada movimento do teu corpo
em seu voo.
E por fim destruo
todos os vestígios (com as mãos):
Brusca-
mente.

Eduíno de Jesus

Mais uma perda...

                                                                Bernardo Sassetti

                                               ...Com tanta gente, por aí, que não presta!...

domingo, 6 de maio de 2012

No amanhecer de ti...


No amanhecer de ti
cabem todas as janelas
porque és a dimensão
onde as viagens são possíveis
e deixas uma sombra
de castelo encantado
na meia luz das salas
onde o teu corpo passa
dá-me a tua mão
e veste-me de ti
quero partir sem medo
quero partir sem mágoa
na estrada dos teus olhos
onde as pedras são de água

Mário Domingos

A terra treme...


Sonhei contigo: um olhar, o teu corpo alucinante esmagado sobre o meu, a tua figura engolida pela noite e pelo vento no terraço da casa da praia. A neblina colorida do mar mediterrâneo. Ela, que eras tu, afastando-se e aproximando-se, vezes sem conto, sorrindo leve. Acordei e chorei. As nuvens vão mais do que vêm. Canto e choro e recordo cada um dos nossos instantes na casa do amor. Desejo-te com ternura. São gémeas a chama e a flor, a paixão e a amizade. E digo-te. E respondes: “Amo-te com a mesma loucura mas agora mais sabiamente.” Não entendo.

A terra treme quando sobre mim te elevas.

Casimiro de Brito

Serenamente

Serenamente os dedos
sob os dedos
um fogo brando
nos seios da madrugada
se bebo o medo
do medo dos teus dedos
apago os lábios
nos lábios dessa água
Côncavo breve da palma
e logo os dedos
da tua mão fechada na cintura
depois descendo
crescendo e já fendendo
tocando enfim no topo da loucura
Punho da espada
ou pulso do teu braço
os dedos baixo
descobrindo o nada
enquanto eu monto renasço
e vou gemendo
subindo em mim
   até de madrugada

                                                                                            Maria teresa horta

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Why?

                                 
                                      Where is my mental sanity?! Why am I dreaming again?!
                                                       

Chegaste!



Chegaste, ofereceste-me o teu corpo.
E, como no mar, nele mergulhei repetidamente.
Dei-te as minhas mãos, os meus dedos, a minha língua.
Até que o bater das horas ditou que saísses de mim
Ficando com o paladar inundado do teu sexo
Que reclama que o relógio pare.

João Espinho

terça-feira, 1 de maio de 2012

domingo, 29 de abril de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

"Porque os outros se mascaram mas tu não"...ou a minha modesta homenagem!

Miguel Portas - 1958-2012

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.



Sophia de Mello Breyner

domingo, 22 de abril de 2012

A felicidade maior...

De manhã
dás-me o teu sorriso
e eu penduro-o na minha cara.

Vitor Encarnação