"A poesia não está somente nos versos, por vezes ela está no coração, e é tamanha, a ponto de não caber nas palavras " (JORGE AMADO)
Espaço de emoções sentidas? Memórias?Estados de alma?Desabafos?Palavras ditas e outras que ficaram por dizer?
Tributo a poetas? Pequenas homenagens?
Talvez tudo isso ou, apenas, exorcismo e catarse da alma?
Seja como for, "esta espécie de blog" não pretende ser nada, a não ser o reflexo do que SOU e SINTO!
Tributo a poetas? Pequenas homenagens?
Talvez tudo isso ou, apenas, exorcismo e catarse da alma?
Seja como for, "esta espécie de blog" não pretende ser nada, a não ser o reflexo do que SOU e SINTO!
terça-feira, 8 de março de 2011
vens de repente...
vens de repente com a voracidade
de um pássaro nocturno que não chamei
e a porta fecha-se sobre as minhas ancas
e a noite bebe o hálito que largas na minha pele
enquanto os espelhos escondem o rasto
de todos os segredos que guardavas
por momentos o amor desenha-se desta única maneira
mas eu sei que és apenas um inquilino temporário
habitando o meu corpo as horas que roubaste
em ondas de culpa e sombra
e sei também que hás-de sair de mim
como de um povo inimigo
procurando um gesto de perdão que não existe
e o amor torna-se subitamente num lugar incómodo
tenho pressa dirás tenho pressa
e a noite fecha-se do lado dos dedos
que procuram ainda o lugar do sono
fica comigo peço mas tu não me ouves
e eu sei que vou voltar a esperar por ti na vida que me resta
e em todas as vidas e em todas as mortes
até ao dia em que difinitivamente
despeças o teu corpo do meu
e eu repita fica comigo e tu
desapareças
como quem esteve só à espera
de ventos favoráveis
Alice Vieira
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E a cada espera é como se fosse um parto, o parto da dignidade metafisica feminina, comprazer-se na espera que as vezes já nem sabemos mais porque e por quanto tempo esperaremos.
ResponderEliminarA espera da morte ou das despedidas, até lá, nós morremos inúmeras vezes no leito da imorredoura espera.